A Fronteira do Julgamento

Nos confrontamos todos os dias com situações novas, situações que temos de tomar decisões e escolher um caminho a tomar. Um conflito que surge em nossa família, situações a serem resolvidas no trabalho, o relacionamento amoroso que está ficando morno. Nossa formação nos impele a avaliar a situação e decidir, tomar um partido. Na maior parte das vezes procuramos ter claro em nossa mente pelo menos dois lados de cada conflito, um que é o “certo” e outro que é o “errado”. E decidimos pelo primeiro, pois somos pessoas de bem que fazemos o que é certo. Lembro que nas brigas familiares eu freqüentemente ficava do lado de minha mãe, contra meu pai. Na empresa que trabalhei por vários anos, havia o lado do patrão e o dos empregados; eu era amigo pessoal de meu chefe, e por vezes foi conflitante decidir que lado apoiar. Nos meus relacionamentos amorosos havia a dualidade da vida do casal ver sus as expectativas dos pais de ambos, que queriam ter netos, filhos morando por perto, e relatórios semanais sobre o andamento das coisas.

De que lado ficar? Como escolher? O que decidir? Dúvidas constantes que permeiam nossas vidas.

Outro aspecto deste assunto é observar como a humanidade valoriza e premia as características pessoais de “iniciativa pessoal”, “capacidade de decisão”, “postura agressiva” principalmente nos profissionais de empresas privadas. Qualidades de energia masculina inseridas num planeta que vive um período de desequilíbrio com predominância desta polaridade. As belíssimas qualidades femininas da aceitação e da passividade ficam relegadas ao segundo plano.

Avaliar, decidir e tomar uma posição são características de nosso livre-arbítrio, e temos direito a ele. Quando fazemos isto estamos julgando, dando um veredicto e escolhendo um lado. Usar o livre-arbítrio significa tomar uma decisão separada do Todo, e podemos ver os resultados no mundo em que vivemos, um planeta permeado de guerras, catástrofes, devastações, mortes e tragédias.

UCEM nos ensina que a sabedoria não está em julgar, mas em abandonar o julgamento. Abandonar a idéia de que existe um “certo” e um “errado”. Abandonar a idéia de que temos de tomar uma posição em todas situações. Abandonar a idéia de que temos de ter uma opinião sobre tudo. Começar a aceitar que as coisas simplesmente são assim. Não são negativas ou positivas. Não são boas ou más, justas ou injustas. Aceitar que o livre-arbítrio deve ser deixado de lado e que existe Alguém maior que nós que julga com perfeição e conhece nosso Caminho. Aceitar que colocar minha vida nas mãos Dele é a melhor alternativa. Aceitar que, no nível em que nos encontramos agora, nenhum julgamento são, sadio, é possível. Aceitar que cometo um erro a cada julgamento que faço. Aceitar que o julgamento tem uma fronteira bem definida, e esta fronteira é a de que não podemos julgar.

Milagres a todos

Leitura relacionada: Manual dos Professores, pág.29. – Como se abandona o julgamento?

©  2004 - Milagres