UM CURSO EM MILAGRES
19 DE MARÇO DE 2003
4ª FEIRA

MEDITAÇÃO:

Eu estou aqui só para ser verdadeiramente útil.
Eu estou aqui para representar Aquele Que me enviou.
Eu não tenho que me preocupar com o que dizer ou o que
fazer, porque Aquele Que me enviou me dirigirá.
Eu estou contente em estar aonde quer que Ele deseje,

sabendo que Ele vai comigo.
Eu serei curado na medida em que eu permitir que Ele

me ensine a curar.

PRINCÍPIO 25
Milagres são parte de uma cadeia interligada de perdão que, quando completa, é a Expiação. A Expiação funciona durante todo tempo e em todas as dimensões do tempo.

Jorge: Expiação é você olhar para dentro e ver o que tem dentro. O que nós guardamos dentro de nós que não é amor, é isso que vai aparecer, porque o amor em nós é natural. Então, tudo o mais, que não é amor, é isso que nós vamos expiar e desfazer. Vocês já ouviram falar em exame de consciência? É a mesma coisa! Fazemos um exame de consciência, expiamos a nossa consciência, olhando para tudo que temos na consciência e, diante da nossa consciência, com o nosso perfeito senso do que é certo e o que é errado, ver o que tem de errado e começar a desfazer isto através do perdão. Perdoar a nós mesmos ou perdoar ao outro e também, pedir perdão ao outro. Isso é a expiação. A medida em que a gente vai fazendo isto a gente vai entrando em outro nível de compreensão, em um outro nível mental, recuperando o amor, pois a gente vai tirando o que não é amor dentro de nós mesmos. A medida em que nós retiramos o que não é amor, o que é amor vai florescer, entraremos numa situação em que os milagres começam a acontecer naturalmente.

Os milagres apressam a expiação, a expiação é trabalho de perdão, que apressa para que aconteçam os milagres. Então, isso vai soldando uma forte cadeia, onde o ciclo se reverte. Ao invés de cada vez estarmos cometendo mais erros, um em função do outro, nós vamos cada vez cometendo mais acertos, um em função do outro.

O perdão propicia milagres, que apressam a expiação, propiciada pelo perdão, é esse mais ou menos o ciclo em que a gente começa a entrar, aí os milagres começam a acontecer de uma forma bem natural na vida da gente.

Participante: Se eu estiver disposta a perdoar alguém, mas se a pessoa não aceitar.

Jorge: Não existe negação ao perdão. Ninguém consegue negar um pedido de perdão, nunca, jamais aconteceu. A pessoa pode levar muito tempo para assimilar o perdão, pouco ou mais tempo para assimilar e aceitar o pedido de perdão. Uma vez que você pede perdão, ele já aconteceu. Como a pessoa vai receber este perdão? Na medida que eu permitir. Como diz a nossa meditação, a cura vai acontecer na medida em que eu permitir que aconteça. Uma vez que você vem e pede perdão para a pessoa, o perdão já aconteceu, só que a pessoa, às vezes, precisa de tempo para assimilar. Esse tempo, na verdade não é tão importante, pode ter certeza que o perdão já aconteceu, você já está perdoado, a pessoa é que vai levar um tempo para assimilar isto. Nas aparências temporais, pode ser que a pessoa ainda esteja resistindo, porque não assimilou, mas ninguém tem a capacidade de não perdoar, porque nós somos seres de amor e não perdoar é uma capacidade que, definitivamente, nós não temos. Pode levar algum tempo para que a coisa aconteça de fato para mim. Se você, por exemplo, vier pedir perdão para mim eu posso dizer “eu não perdôo, não perdôo”, daqui a pouco digo “está bem eu perdôo um pouquinho”, depois digo “está bem eu perdôo”, isso pode levar 50 anos, 100 anos, 200 anos. Você já pediu, o resto do tempo a pessoa fica ruminando o perdão até que perdoa.

Como diz neste Princípio, como ele acontece simultaneamente em todas as dimensões, não há como não acontecer. Então você pode reinterpretar esta idéia, de que as pessoas, às vezes, não perdoam. Não, elas demoram para perdoar, mas o perdão é um fato consumado desde aquela vez em que você foi lá e pediu.

Às vezes, diz-se assim “eu vou te perdoar”, mas será que o perdão de fato aconteceu, se você começou o processo ele de fato já aconteceu, pode ser que eu demore a aceitar isso em mim. Então eu estou assimilando o perdão.

Ou seja: Uma vez eu emprestei 10 reais para uma pessoa que sempre me dizia que não podia me pagar. Um dia disse para ela “está bem, você está perdoado, não precisa pagar mais”. Aconteceu que, um dia estava indo para casa e eu estava sem dinheiro para o ônibus. Eu estava na seguinte situação: Eu estava no caminho de casa, mas não sabia se eu ia para casa ou dava uma volta na cidade e sentaria nos bancos da Estação Rodoviária para dormir lá sentado, esperando o dia clarear. Pois a Estação Rodoviária era perto e a minha casa era longe; ou iria para casa, isso iria levar umas 3 ou 4 horas de caminhada, dormia 1 hora e começaria a caminhada de volta para o trabalho. Quando eu estava andando no centro, eu encontrei esse amigo e ele estava tomando um chopp. Aí eu disse “muito bonito, eu aqui sem dinheiro para o ônibus e você tomando chopp, dizendo que não tinha dinheiro para me pagar!” O perdão já tinha acontecido? Não! Ele estava na fase de assimilação. De fato ele não tinha acontecido na sua totalidade, mas ele já tinha começado a acontecer no momento em que eu disse “eu te perdôo”, um tempo depois eu consegui perdoá-lo totalmente. Hoje ele pode estar tomando whiski na minha frente, andando de jatinho particular, isso não vai fazer a menor diferença para mim, porque o perdão se consumou por tempo de assimilação.

Então, é sempre assim. Tome isto como uma nova interpretação para aquela antiga crença de que “têm pessoas que não perdoam”, e sim tem pessoas que levam mais tempo para perdoar. Então podem iniciar o processo de expiação já, indo lá e dizer “me perdoa”. A pessoa pode pular, pode gritar, pode dizer que não, você olha para esta pessoa e vai perceber que o processo está começando, pois ele está resistindo. Ela está resistindo à idéia de que você foi pedir perdão e agora ela não tem outro jeito a não ser perdoar. A pessoa não queria perdoar, mais isto é uma coisa que nós não conseguimos fazer, nenhuma pessoa consegue negar o perdão para sempre. A pessoa nega porque está resistindo a conceder.

Tem um aspecto muito interessante do perdão, que é assim: Quando nós temos uma dívida ou uma divisão e esta divisão envolve outra pessoa, nós dois estamos divididos ou endividados. Tanto o credor como o devedor. Por quê? Porque é assim: você está me devendo 10 reais, parte do que é meu está com você. Por isso que se diz dívida ou divisão porque parte daquilo que me pertence está com você e você está dividido comigo porque está levando parte do que é meu. Então, a dívida é uma coisa só, na verdade os dois são devedores, porque os dois estão divididos, neste sentido.

Muito bem, agora eu resolvo perdoar a dívida, unilateralmente, e não te aviso, você não sabe que eu perdoei você. Na sua consciência você ainda está dividida ou não? Sim! Você ainda carrega uma dívida, como eu sou parte da sua dívida, você ainda está carregando um pouquinho daquilo que me pertence. Eu acredito que uma consciência superior, quando alguém pede perdão mentalmente pode ser que a coisa comece a funcionar. Nós estamos no nível da matéria, nós temos que aprender no nível da matéria, com as coisas palpáveis. Talvez nós tenhamos que primeiro passa pelo processo de aprendizado e falar, comunicar a outra pessoa que você a está liberando da dívida. Quando você comunica a outra pessoa , você também se liberta daquilo, ou pelo menos o processo de perdão se inicia naquele momento, ambos podem levar um tempo para assimilar. Se você perdoou a pessoa, vá lá e diz para ela! Isto é a parte mais fácil, a parte mais difícil é a decisão de perdoar ou a decisão de pedir perdão. Depois que isto está decidido na minha mente, eu começo, como diz o Curso, a expiação de baixo para cima.

Então começo pelo nível material, falando para a pessoa “olhe, eu queria pedir perdão ou eu queria perdoar aquela dívida que nós temos, queria te pedir perdão porque não tenho como retribuir isto”.

Isto no nível físico, emocional e mental. É muito mais fácil eu reparar uma dívida, você deve uma moeda, você vai lá e paga.

No nível emocional, você magoou a pessoa. Como é que a gente vai resgatar o perdão a nível emocional? Vou ter que ir lá e conversar com as pessoa para desfazer aquilo. Uma dívida até posso mandar alguém pagar “vá lá e paga os 10 reais para o Jorge e traga o recibo”. Como é que eu vou ter recibo de dívidas emocionais? Por isso é que estamos no mundo da matéria, temos que aprender a trabalhar com as coisas materiais. Por isso é que “dai a César o que é de César” e o que é do nível da matéria se resolve na matéria, o que é do nível emocional se resolve no emocional e o que é do nível mental se resolve no nível mental e o espírito não tem problema nenhum, o espírito é perfeito. As imperfeições acontecem da mente para baixo.

Eu não vou dizer, com toda convicção, que perdoar mentalmente a pessoa, não funciona. Isto é da minha percepção, eu acho melhor ir lá e falar. É da minha compreensão, hoje, pode mudar amanhã se eu tiver uma compreensão em outro nível.

Participante: Eu gostaria de entender melhor: O perdão propicia o milagre e isso vai nos levar a apressar a expiação. Entretanto, no Princípio 7 diz: Milagres são um direitos de todos; antes, porém, a purificação é necessária. Este Princípio parece que está dizendo que eu recebo os milagres quando estiver purificada e não que ele é uma parte do processo.

Jorge: A purificação é necessária, o perdão é a purificação, a expiação também. Isto funciona assim: Aí diz que isto é uma cadeia, então você começa trabalhando o perdão, vai lá perdoa ou pede perdão para uma pessoa, o processo iniciou, você começa a caminhada. Num determinado momento da caminhada você ganha um bônus, sabe aqueles jogos que você ganha um bônus, é mais ou menos assim, milagre é bônus. O bônus o que faz? O milagre o que faz? Ele te joga lá na frente, por exemplo, “pula 58 casas”. A expiação é a cadeia entre milagres e perdão, isto é o plano da Expiação. O interessante é você iniciar. A purificação é necessária. Por quê? Porque uma pessoa que não se propõe à purificação não vai alcançar isto, não vai chegar a esse nível.

Agora, como nós somos originalmente puros e não há como mensurar isto, digamos que uma pessoa cometeu um só pecadinho na vida, mas ela não pretende fazer a expiação, pedir o perdão daquele pecado, ele se nega a fazer isto. E tem outra pessoa que tem 58.379.000 pecados, mas ele inicia o processo. O que acontece? Quem vai chegar no nível dos milagres primeiro? Esse que iniciou o processo independente de quantos pecados ele tenha! Então, quando diz lá no Princípio 7 a purificação é necessária isso quer dizer que a pessoa tem que se propor a se purificar sem isto ela não consegue entrar. A proposição é tudo. A pessoa que entra no caminho entra no caminho dos milagres. Por isso que diz “Um Curso em Milagres”. No começo do livro diz se os milagres não estão acontecendo na sua vida é porque alguma coisa deu errada.

Este livro pretende recolocá-lo no curso, onde os milagres acontecem. Como, por exemplo, uma pessoa que está indo para Curitiba e saiu do curso, da estrada. Quando a pessoa se propõe a retornar ao curso, aí começa a chegar. Aquela pessoa que saiu um metro do curso ela pode estar tão distante quanto aquela que se desviou 587 quilômetros. Por quê? Quem vai chegar mais rapidamente no curso que leva até Curitiba, ou analogicamente ao curso onde os milagres acontecem, é aquela que se decidiu retornar ao caminho. Porque aquela por mais que tenha se afastado só um pouquinho, se ela não escolher voltar, não vai acontecer, ela vai estar fora do curso, todo mundo vai passando e ela vai ficando.

Participante: Qual o significado da palavra ‘curso’ em Um Curso em Milagres?

Jorge: Curso do rio, curso da estrada, curso da vida, curso dos milagres. No sentido de caminho, caminhada que você empreende. Por isso que esse livro tem este nome, segundo a minha compreensão, Um curso em milagres é onde os milagres acontecem quando você começa a entrar neste curso, ou neste caminho, tudo é caminho, rota, estrada.

Participante: Guardamos muitas raivas, ódios, rancor que mais tarde se manifestam em doenças no corpo físico. A maioria das doenças que temos nós mesmos criamos. Vamos até onde não agüentarmos mais, daí o corpo físico começa a sofrer.

Jorge: É, nós mandamos de baixo para cima e depois quem tem telhado de vidro não joga pedra para cima. O pecado é isto, jogar uma pedra para cima. Pecado, ou karma, equívoco, ou erro é exatamente isto, jogar uma pedra para cima, vai cair, vai voltar, vai cair na minha cabeça.

Participante: Culpamos a Deus e às outras pessoas, mas não nos culpamos por não termos saúde e tudo que necessitamos, tão pouco temos consciência que a causa são os nossos erros cometidos, além do que não temos mais consciência quais foram os erros cometidos.

Jorge: Quando a pessoa decide mudar alguma coisa, vai ser propiciado a ela a oportunidade, na medida em que ela o permitir, de se curar disto tudo. Vou usar o nosso Grupo Luz como analogia, mas isso não quer dizer que seja aqui, isso pode ser em qualquer lugar, uma pessoa que vá a qualquer igreja , a qualquer religião, ordem esotérica, qualquer grupo que trabalhe neste sentido, vai encontrar a mesma oportunidade, porque o Curso em Milagres é apenas um caminho entre tantos outros milhares de caminhos que levam ao mesmo lugar. Então, o que fazemos aqui, quando você chegou aqui, você estava procurando alguma coisa, na verdade quem procura acha, este ditado conheço desde que comecei a ouvir. Agora as coisas estão mais rápidas, quem procura já achou. Aquele que procura, já encontrou. Às vezes, ele encontra, mas não quer ficar. Todo o trabalho que nós fazemos aqui, é em função disto. Com o Curso em Milagres começamos a examinar a nossa consciência mais ao nível intelectual, com terapias que vão harmonizando, etc. Tudo isso para que? Para nós nos harmonizarmos, para começarmos a nos darmos conta, acessando a nossa consciência e ir lembrando das coisas que não lembrávamos mais.

Isso acontece de fato, imagina uma pessoa adulta, no meu caso, eu não lembro de 2 por cento das coisas que eu fiz, desde que nasci. Como a gente vai lembrar de tantas coisas, de tantas mágoas, de tantos ressentimentos, de dívidas. As dívidas materiais são as mais fáceis de lembrar. Mas aquela pessoa que eu magoei, aquela pessoa que me magoou e eu fique ressentido, todas estas coisas que foram me dividindo eu não lembro. Então, tem que começar o processo a partir de um ponto. As diversas terapias são em função disto. Se você não lembra hoje e quer realmente fazer esse processo, venha conosco, nós estamos neste caminho. Todos que estão aqui estão buscando a mesma coisa, eu também estou neste processo, isso não quer dizer que eu não cometa um erro hoje e outro amanhã, mas vai chegar num ponto em que eu vou querer zerar isto. Tem que zerar tudo em todos os níveis. À medida que a gente vai se propondo, a cura vai acontecer, é isto que nós buscamos quando estamos aqui e falamos isto na nossa meditação. Aos pouquinhos vamos melhorando em todos os níveis, no físico, emocional, mental, aí vai chegar no ponto em que estaremos alinhados com o espírito, é por isto que eu estou aqui. Se eu não tivesse plena convicção disto eu não estaria, então tudo isto seria outra jornada inútil. Esta eu tenho convicção que não é inútil.

Livro Texto
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Capítulo 2-A SEPARAÇÃO E A EXPIAÇÃO

I. As origens da separação
3.
O Jardim do Éden, ou a condição anterior à separação, era um estado da mente no qual nada era necessário. Quando Adão deu ouvidos às “mentiras da serpente”, tudo o que ouviu não era verdade. Não tens que continuar a acreditar no que não é verdadeiro, a não ser que escolhas fazê-lo. Tudo aquilo pode literalmente desaparecer num abrir e fechar de olhos porque é apenas uma percepção equivocada. O que é visto em sonhos parece ser muito real. No entanto, a Bíblia diz que um sono pesado caiu sobre Adão e não há, em parte alguma, referência ao seu despertar. O mundo ainda não experimentou nenhum despertar ou renascer em escala absoluta. Tal renascimento é impossível enquanto continuares a projetar ou criar equivocadamente. Contudo, a capacidade de estender assim como Deus estendeu a ti o Seu Espírito permanece ainda dentro de ti. Na realidade, essa é a tua única escolha porque o teu livre arbítrio te foi dado para a tua alegria em criar o que é perfeito.

Participante: Tudo na verdade é uma mentira no mundo material, nada é verdadeiro, pois tudo foi criado pelo homem. Essa é uma dificuldade que eu tenho de distinguir o que é uma ilusão e o que não é. De repente acabo caindo numa negação de tudo. Uma mente equivocada pode achar ‘verdades’ que são outras mentiras para confirmar a primeira mentira.

Participante: Conheço uma estorinha que é mais ou menos assim:

Adão pede a Deus para lhe mostrar as ilusões, ele queria saber o que eram ilusões. Então, Deus fala para Adão, “vá até o lago buscar água para mim”. Adão vai até o lago buscar água para Deus e na beira do lago encontra Eva. Quando encontra Eva ele se encanta e ela convida-o para conhecer o outro lado do lago e se esquece de levar a água para Deus. Adão se apaixona, forma uma família e aí têm todas aquelas dificuldades para construir um abrigo, com os filhos, com a própria vida. Depois de muito tempo, muito tempo ele lembra “eu vim apenas buscar água para Deus!”. Adão pergunta a si mesmo: “e agora o que eu faço com isto tudo que eu estou vivendo?”. Adão se sentiu perdido no meio das suas ilusões.

Jorge: Sobre a questão do que é real e o que não é, de uma certa forma parece simples, tudo aquilo que é transitório não é real. O que não é real? O que não é real não é eterno, não dura para sempre. Perco-me em criar coisas que não são para sempre. Tudo o que vejo, quando eu olho no sentido horizontal, até onde alcança a vista, não tem sentido real. Então, começo a trabalhar para ter uma bicicleta, uma moto, para ter boas roupas, um carro, casa, conforto, conta no banco, um passeio, uma passagem aérea, uma casa na praia. Passo a minha vida trabalhando em função disto. Vejam, tudo que está ao alcance da vista física, tudo o que podemos perceber com a vista física, com o tato, com a audição, com o paladar e com o olfato, quanto tempo dura isto? A calçada onde nós pisamos, é para o corpo, a roupa que vestimos é para o corpo, o feijão que compro no supermercado é para o corpo, o carro é para o corpo, a casa é para o corpo, o ar condicionado, a geladeira, o fogão, a máquina de lavar roupa, o microondas, tudo o que você encontra no nível horizontal é para o corpo. Isto está aí, é inegável que está aí. A gente não pode falar absurdos “ah não, esta sala não está aqui!”. A sala está aqui, sim, e eu estou aqui. Mas eu tenho que me dar conta o que é verdadeiro para mim e o que não é. Por quê? Porque o corpo também não é para sempre. Por quê eu coloco todos os meus investimentos no corpo? Estou investindo tudo o que tenho, tudo o que ganho numa coisa que sei que de uma hora para outra vai acabar. Este é o alerta que este parágrafo está dizendo. Cuidado, não investe todo o seu tempo, todo o seu dinheiro, todo o seu trabalho, todos os seus recursos mentais e emocionais num negócio furado. Se você soubesse que o banco iria falir, você iria trabalhar mais, poupar mais, para ter mais dinheiro para colocar neste banco? Vou colocar tudo o que tenho, tudo o que faço, o meu intelecto, tudo que consigo juntar, vou colocar neste banco, que já está dito que vai quebrar. Quem é que faria isto? Isto seria uma insanidade, você saber que um banco está à beira da falência e a pessoa investir todo o seu esforço para colocar dinheiro lá dentro. Ou, o ladrão está levando o cofre, e você grita “espere, eu ainda não coloquei o meu salário aí”. Você sabe que isto uma hora ou outra vai embora, e você ainda corre para depositar o salário do mês. É isto que nós fazemos com o corpo. Este é o alerta. O alerta que temos é “isto não é real”. Você está vivendo aí, mas não invista aí. O corpo um dia vai ir à falência, isto é a coisa mais certa, o corpo acaba, o corpo está falido. Então, por quê você investe tanto no corpo? Você não cria nada com isto. Toda vez que você faz um esforço extra pelo corpo, é como depositar dinheiro num banco que já faliu. Tem um cartaz “foi à falência” na porta e você ainda está botando dinheiro nele. Isto não é real.

Então, o que é real? Real é aquilo que fazemos pelo espírito. Temos que começar a fazer alguma coisa neste sentido. Nós nos damos conta que estamos aqui, sim, “dai a César o que é de César”, porque você está aqui. Aquilo que cabe ao mundo você tem que dar ao mundo, mas você não pode esquecer das coisas do espírito. Nós temos uma outra crença equivocada, que nós temos que questionar e rever é de que, no momento em que eu optar pelo espírito, eu vou ter que negar o mundo. Não! Na verdade, no momento em que eu optar pelo espírito eu apenas vou parar de negar o espírito, e tudo que é do mundo vai estar ao meu serviço. Isto está na Parábola dos “lírios do campo”. Olhai os lírios do campo, vê se está faltando alguma coisa para eles; olhai as aves do céu vê se está faltando alguma coisa para elas. Vê se eles passam o tempo inteiro investindo no corpo. Então, o corpo é falso, na medida em que nós estamos investindo numa coisa que já está falida. Pode acreditar que o corpo vai acabar, alguém duvida disto? Não!

Quanto deveríamos investir no espírito? O dízimo! O que é o dízimo? É dez por cento de você!

Você pode começar a calcular assim: Quantas horas tem o dia? 24 horas. Dez por cento =2h40min. Num dia você teria que se dedicar 2h40min a espírito.

No mês 2h40min. x 30= 80horas No mês teríamos que nos dedicar, a criar no nível do espírito, 80 horas, o que equivale, aproximadamente, um dia inteiro por semana, por exemplo, o domingo,

Então as coisas estão corretas. Isto é criar no nível do espírito. Não é o que eu faço, é o que eu crio. O que está feito nesta sala, a nível físico, e o que é que está sendo criado? A nível físico foram feitas as paredes, o teto, o chão, a pintura, a iluminação, o ar condicionado, tudo isso para o conforto do corpo. O que é que estamos criando aqui, qual a compreensão que nós estamos tendo aqui, neste espaço físico, vai nos servir para sempre, se isto é para sempre nós estamos no nível criativo. Aqui nós criamos alguma coisa de valor, daqui nós estamos mandando material para “construir o tesouro no céu”.

Uma História : Um grande milionário morreu, ele era uma pessoa bondosa, era uma pessoa gentil. Quando ele morreu ele chegou no céu e o anjo responsável pelas acomodações disse-lhe “acompanhe-me que vou levá-lo até a sua nova morada” . No trajeto ele viu uma casa de uma beleza que ele jamais havia visto. Disse para o anjo “que casa maravilhosa, quem mora aí?” O anjo respondeu, “quem mora aí é a pessoa que varria rua lá na sua cidade”. Nossa! Se ele mora numa casa destas, como não será a minha! Mais adiante, outra casa lindíssima, num bosque, com lago, com cisnes. Perguntou “aí quem mora?” O anjo respondeu “você lembra duma faxineira que você tinha?” Ele ficou impressionado, mas se ela mora aqui, aonde é que eu não vou morar? Mais adiante chegaram num barraco, com umas tábuas de caixaria, teto de papelão. Perguntou “o que é isto?” O anjo respondeu “é a casa onde você vai morar”. Como assim? O anjo disse “não olha para mim, aqui a gente apenas é construtor, a gente faz o que pode com o material que vocês mandam lá de baixo”.

Neste sentido temos que trabalhar para mandar um pouco de material para cima. Por quê? Porque lá é para sempre. Para cima é no nível do espírito. Isto que nós conseguirmos construir no nível do espírito, isto é para sempre e é compartilhado com toda a filiação. O que é no nível da terra não é real por este motivo, porque isto não dura para sempre, não adianta eu investir tanto, eu vou investir na medida do necessário. Posso ter todo conforto físico possível, “olhai as aves no céu, elas nunca plantaram, nunca semearam; olhai os lírios do campo, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu com tanta majestade”. Então, vamos reinterpretar o voto de pobreza.

O voto de pobreza é ficar sem nada, passar miséria? Não! O voto de pobreza é um voto de enriquecimento nas coisas do espírito, e tudo o mais que você precisar para conseguir seu objetivo, lhe será dado. Precisa de uma sala? Está aí a sala! Precisa de um meio de comunicação? O meio de comunicação lhe será dado. Então, é nisto que nós temos que acreditar. Todas as coisas materiais estão a nossa disposição. Elas não são reais no sentido de que não são eternas. Isto é o sentido da ilusão que nós vivemos. Se nós reinterpretarmos, no sentido de que elas são úteis para a nossa evolução, é tudo que precisamos fazer. Reinterpretar as nossas crenças. Eu posso ter uma casa bonita? Claro que posso! Não vi em nenhuma escritura dizer que a gente não pode ter as coisas materiais, sempre vejo o contrário. Ouço e vejo dizer que “tudo o mais te será dado por acréscimo”. Tudo que você precisar. Eu acredito nisto! É neste sentido que nós vamos aprender a discernir o que é real e o que não é real. O investimento que fazemos no corpo não é real. Por quê? Porque nada que é real pode ser ameaçado, no caso pelo tempo. Nada do que nós vamos investir no corpo, ou no conforto do corpo é para sempre. Mas neste outro nível sim. O que temos a fazer é olhar para o lado e ver na outra direção o caminho de retorno.

Participante: Tem igrejas que pedem dinheiro aos fiéis.

Jorge: Você dá a parte de você e parte daquilo que você produz. Por quer? Porque também há uma necessidade física, não podemos negar a coisa física . Uma igreja que fica embaixo de uma árvore não vai ter consistência no mundo material e se não tem consistência no mundo material eles não vão poder desenvolver o trabalho. O dízimo é dez por cento daquilo que você produz e dez por cento do seu tempo também. Para, assim, começar a aprender no nível da matéria, no nível emocional e no nível mental que temos que dedicar dez por cento para esta atividade. Ora, se tudo que nós dedicamos nós teríamos que trabalhar dez por cento e nós temos que começar no nível da matéria, então isto está coerente. Isto também ensina a pessoa a ter prosperidade, porque nós investimos numa coisa que pode dar retorno no nível espiritual.

Às vezes, quando a pessoa não está disposta a investir naquilo, nem materialmente, ela também não consegue investir emocional e mentalmente. Porque o nível da matéria é o mais palpável. A pessoa diz “eu vou lá, mas não dou nada, eu não vou dar dez por cento para a igreja”. Eu já pensei muito a respeito disto. Eu pensava assim: “falam da pobreza no mundo, mas a gente sabe, de ouvir falar, que as igrejas acumulam riquezas”. Ora, imaginem assim, se as igrejas vendessem todos os bens que eles construíram no nível material, é claro, à custa do dízimo das pessoas, e distribuísse tudo isto aos pobres, acabaria a pobreza? Não acabaria, e eles não teriam mais recursos para colocar a doutrina que eles colocam, porque não teria lugar, não teriam meios para isto acontecer. Neste sentido a gente começa a ter outras compreensões.

Todas as igrejas precisam de recursos, é preciso compreender que não há como negar a matéria. Esta sala, por exemplo, é alugada. Não tem como eu chegar lá para o dono da sala e dizer “nós estamos usando a sala para um bom fim, assim, nós não vamos mais lhe pagar o aluguel”. Não é possível dizer “nós vamos fazer uma construção para um bom fim, assim, não vamos mais pagar a conta de luz, queremos um terreno de graça, nós queremos tijolos de graça, queremos tudo de graça porque a nossa intenção é boa”. Dai a César o que é de César, já disse Jesus. Você tem que aprender a construir em todos os níveis. Se você não aprender a construir no nível da matéria, você não vai aprender em lugar nenhum. Nós estamos vivendo no mundo da matéria para aprendermos no nível da matéria. É disto que temos que ter consciência. No momento que nós nos dispusermos a aprender, nós vamos aprender que a nuvem passa e o azul do céu é permanente. Vamos aprender que as folhas caem, mas a árvore atravessa o inverno e floresce na primavera. Nós vamos aprender que tudo o que nós vemos passa, mas tem coisas que são para sempre. As paixões que nos rebentam o coração, passam, o amor fica para sempre. É neste nível que nós temos que aprender. Mas como é que eu vou aprender que o céu é para sempre se eu não observar a nuvem passando. Vocês podem olhar para cada coisa que passa na tua frente, tudo, se você olhar com olhar de discípulo, com olhar de quem quer aprender, você vai aprender uma lição sobre a eternidade. Mas você tem que trabalhar, tem que se propor a aprender no nível da matéria. Se você não se propor e achar que o mundo não vale nada e que não serve para nada, então você vai aprender aonde?

O que é que nós temos que aprender no mundo? Para que eu tomar um cafezinho, eu tenho que dar uma moedinha. Eu digo para um amigo: Sempre vou tomar cafezinho no Café do João, ele é meu amigo e sempre me dá um cafezinho quando eu vou lá. O amigo diz: Ah, mas eu sempre pago! Eu digo: então você não está sabendo trabalhar a amizade. O amigo pergunta: Como é que você faz isto? Eu respondo: Ah, quando eu chego lá eu ofereço uma coisa para ele, umas moedinhas. Por quê? Porque a gente tem que dar primeiro. Quanto mais eu dou, mais eu recebo. No dia em que eu dou 60 centavos eu recebo um cafezinho, no dia em que eu dou 1 real e 20 centavos eu recebo dois. Agora, se eu chegar lá só querer e não dar nada, um dia pode ser que ele me dê um cafezinho, mas depois ele vai chamar o segurança e dirá “diz para esta pessoa não vir mais aqui”. Temos que aprender a trabalhar no nível da matéria. Isso é “dar a César o que é de César”.

Toda a estrutura que nós criamos, às vezes, é necessária. Se eu convidasse vocês para estudar Um Curso em Milagres no meio da rua. De repente chega alguém e diz “vocês querem fazer o favor de se retirarem daqui, vocês estão atrapalhando o trânsito, a praça”. Não poderia chover, não poderia ter vento, não poderia fazer muito frio nem muito calor. Além de todas as dificuldades, teríamos que sentar embaixo de um poste de iluminação. Chega a polícia para ver o que está acontecendo. Por isso temos que aceitar, entender e aprender no nível da matéria. Nas outras dimensões, o respeito que a gente aprende e a liberdade que a gente aprende aqui no nível da matéria, fica mais difícil de aprender se nós não aprendemos aqui primeiro, por isso eu estou aqui.

Participante: Somos muito apegados à matéria, às comodidades que ela nos proporciona e por vezes temos comodidades demais.

Jorge: Já pensei em fazer a mesma coisa que faço aqui, lá na praça. Ou fazer a mesma coisa que eu faço aqui, num mosteiro. Mas eu sempre tenho recebido que eu tenho que fazer aonde eu estou, no local que me é oferecido. Eu tenho que trabalhar para que isto aconteça aqui, porque é aqui que as pessoas que viriam aqui vêm. Porque é com estas pessoas que nós temos que nos encontrar, neste local. Aqui vêm as pessoas que não iriam na praça e todas as pessoas têm que ser alcançadas. Se fosse no mosteiro iriam, talvez algumas pessoas lá, mas as que viriam aqui não vão lá. Então, não adianta eu pegar o Curso em Milagres e dizer agora vou estudar o Curso em Milagres no mosteiro ou vou estudar na praça. Eu estou aqui, é isto que eu digo na meditação, então aonde eu tenho que fazer o trabalho que faço? Aqui! Por isto eu estou aqui! Como dizia Jesus, lá na praça deve ter alguém já trabalhando no nível de compreensão das pessoas que estão na praça e as pessoas que vão na praça. Com a nossa compreensão, se formos lá na praça tentar transmitir isto, talvez as pessoas não entendam o que nós estaremos dizendo. Então, primeiro temos que fazer aonde nós estamos, no momento adequado, se deve ser feito lá, alguém vai fazer, se deve ser eu, eu irei. Porque eu não tenho que me preocupar com que dizer e o que fazer ou aonde ir, enquanto eu estiver aqui, é aqui.

Participante: O Curso em Milagres fala em dízimo?

Jorge: Eu nunca vi o Curso em Milagres falar em dízimo.

Participante: O que tem o maior poder de convencimento é o exemplo. Fica contraditório a igreja falar em pobreza, quando eles não dão o exemplo daquilo que estão pregando. Possuem os bens materiais não só pela sua utilidade, mas talvez já com objetivo de acumular.

Jorge: Eu usei este exemplo, mas sei que, às vezes, é meio polêmico, porque da minha compreensão eu já julguei, já critiquei bastante, hoje eu já tenho uma outra compreensão, não importa o que fizeram, eu tenho a compreensão de que hoje talvez isso possa ser utilizado no momento adequado, reinterpretado e utilizado de maneira que as pessoas obtenham a paz. Eu acho que todas as religiões fazem isto, pedem o dízimo. Isto não quer dizer que eu pague o dízimo, que eu concorde ou que eu discorde, apenas compreendo a razão e compreender é o primeiro passo para não julgar mais. Muitas vezes, julgamos, criticamos, porque a gente não conseguiu entender tudo aquilo, uma vez que eu consigo obter a compreensão eu paro de julgar. Por isso temos que caminhar na direção para compreender. Como dizia São Francisco, mais compreender do que ser compreendido. Por quê? Quando eu começo a compreender eu paro de julgar e a condenar. Como diz o Curso em Milagres, o Espírito Santo pode reinterpretar tudo a nosso favor, basta que a gente Lhe conceda isto.

Participante: Acho necessário um grande perdão pelas atos praticados por igrejas e instituições no passado.

Jorge: Nós temos a capacidade de mudar isto, começando a mudar em nós. Antes eu nunca vi um papa pedir perdão como este papa pediu, por exemplo. Então começou o processo. Será que eu já pedi tanto perdão quanto ele pediu? Tudo chega a um ponto que começa a reverter em função do espírito. Porque nós erramos tanto, porque eu errei tanto. Ás vezes, temos que parar de olhar o passado e trabalhar com o que temos no presente. Temos muitos perdões a pedir e a conceder, sim. Vamos ver os perdões que nós temos que conceder e os perdões que nós temos a pedir, aí é que os milagres vão começar a acontecer.

Como diz neste parágrafo, o mundo ainda não experimentou o despertar em escala porque eu ainda não estou conectado com esta idéia de dar e pedir perdão. De repente só está faltando eu!

Tudo que nós temos aqui são idéias, todas as idéias devem ser compartilhadas, a idéia que obtiver mais adesões é a que vai acontecer, com certeza, com mais intensidade.

Quando eu faço a minha adesão à paz, você também, outro também, outro também, quando aquele que não opta pela paz, vai ser a minoria, vai sentir que ele está à margem. Enquanto a maioria desejar outra coisa, que não é a paz, nós não teremos paz. Por isso este trabalho de buscar a paz interior, que é a proposta do grupo do Curso em Milagres, é isto que o livro propõe. Encontrar a paz interior através da compreensão das verdades universais.

Então, neste mundo têm muitas coisas erradas? Têm! O que eu posso fazer para começar a mudar isto? Comece por você! Qual é a proposta que nós temos? Com o trabalho do perdão vão começar a acontecer milagres na nossa vida e estes milagres vão ser bônos que vão fazer nós saltarmos adiante e cada vez estaremos mais adiante na nossa evolução. Quando um vai, o outro vem atrás. Esta evolução está sempre acontecendo, ela acontece em ondas, são ondas que vêm, as pessoas entram e vão na onda. Vem uma onda agora, daqui a pouco vem outra, as pessoas não param de evoluir. São ondas sucessivas de mentes que começam a aderir ao Amor e quanto mais mentes aderirem mais força de Amor haverá no planeta. Quanta força temos atualmente, nunca houve uma força tão grande pela paz no planeta. O que deve prevalecer? Nós temos que ser a força da paz.

Participante: Já que falamos em paz, me lembrei de uma pequena canção, podemos cantar?

Jorge: Sim

Todos: Força da paz está sempre, sempre mais,

Que venha a paz e acabem as fronteiras.

Nós somos um.

MEDITAÇÃO:

Eu estou aqui só para ser verdadeiramente útil.
Eu estou aqui para representar Aquele Que me enviou.
Eu não tenho que me preocupar com o que dizer ou o que
fazer, porque Aquele Que me enviou me dirigirá.
Eu estou contente em estar aonde quer que Ele deseje,

sabendo que Ele vai comigo.
Eu serei curado na medida em que eu permitir que Ele

me ensine a curar.

 

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